Cultura da Convergência

Quarta-feira cheguei em casa a noite e lá estava um pacote pesado esperando por mim. No rementente dizia Central Globo de Comunicação.

Curiosa com o conteúdo, abri rapidamente e dentro achei uma carta e um livro – Cultura da Convergência, de Henry Jenkins.



Lendo a carta e a orelha do livro, entendi o motivo daquele presente.

Henry Jenkins é professor e diretor do programa de Estudos de Mídia Comparada do MIT. Nesse livro ele explora as grandes mudanças que estão ocorrendo no mundo dos negócios com as multiplicações de conteúdos.

Ele fala sobre a questão da convergência, não pelo lado tecnológico, mas como um processo cultural que estimula a participação dos usuários/consumidores nas decisões que antigamente ficavam restritas aos interesses dos veículos e marcas. No que ele chama de a Cultura do Fã, onde pessoas comuns interagem, modificam e remixam mídias/conteúdos que foram originalmente construídos por produtoras de conteúdo.

Não somos mais meros espectadores. Agora também produzimos conteúdo.

A carta que acompanhou o livro anuncia que esse é o novo posicionamento da Rede Globo, que conta com nova área de comunicação transmídia. Ou seja, o marketing contemporâneo não busca mais somente marcas que identifiquem seus produtos. Com os novos rumos da Tecnologia da Informação (TI), a publicidade tem que criar experiências de envolvimento, participação e interação para cativar os consumidores.

E nisso, a Rede Globo está de parabéns. Não foi a primeira e nem será a última vez que vejo a empresa se preocupar em integrar-se com blogueiros e pessoas que também produzem informação.

As mídias antes consideradas alternativas (blog, orkut, twitter, facebook, youtube etc) hoje já são vistas como geradores de conteúdo e, com isso, parte dessa cultura de convergência.

Compreendendo isso, volto ao livro e a seu autor. Para ele a convergência não é um processo tecnológico ligado a um equipamento, mas sim “uma transformação cultural, à medida que os consumidores são incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos“.
Nesse contexto, uma “história transmidiática se desenrola por meio de múltiplos suportes midiáticos, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo”.

É o que podemos ver no filme “Matrix” e nos seriados Lost e Heroes. Os produtores criaram as histórias que foram para as telas. Depois virou quadrinhos, games, vídeos no youtube. Os fãs deram continuidade e criaram universos paralelos. Uma verdadeira máquina que movimenta-se “por si só”.

Para compreender melhor o que o senhor Jenkins explica no livro, assista a uma entrevista dada ao programa Milênio, da Globonews.


A cultura da convergência é um fenômeno que está revolucionando o modo de se encarar a produção de conteúdo em todo o mundo.

Trazer isso para os leitores do Tecnologia Outonal se tornou uma prioridade minha, pois acredito que, às vezes, basta um pouco de incentivo para ajudar naquele pontapé inicial.

E para quem gostou do assunto e quiser buscar mais informações, também recomendo o blog Ponto de Fuga, do Clayton Melo, jornalista da Gazeta Mercantil.

Aguardo a opinião de vocês quanto ao assunto e, caso tenha alguma produção sua rolando pela Internet, divulgue-a aqui. Esse espaço é colaborativo 🙂

Abraço a todos e bom fim-de-semana.
Claudia Sardinha

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